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Uma crônica de fim de ano: Alma Ponte-Pretana: És fascinação, amor...

  • Foto do escritor: Paulo Rodrigues
    Paulo Rodrigues
  • 11 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 13 de out. de 2024

Paulo Donisete Rodrigues

Pós-graduado em Esporte e Sociedade: perspectivas interdisciplinares da UNESAV / BH.

Especialista em Educação Física Escolar pela Universidade Gama Filho - UGF / Campinas (2010).

Graduado em Educação Física pela Puc-Campinas (1989).

 

 




O Futebol brasileiro tem grandes clubes, gigantescas torcidas, estádios e arenas moderníssimas sempre lotadas, estão na grande mídia de manhã, à tarde e à noite. Então por que o fascínio por um time do interior, sem grandes patrocinadores, longe da mídia e com grandes dificuldades para se manter no cenário futebolístico?  

Assim como em tantos torcedores da Associação Atlética Ponte, acredito que o sentimento de resistência esteja intimamente ligado à paixão que ela despertou em mim. Senão, porque não torcer para um dos grandes que são campeões quase todo ano?

Na verdade, torcer para a Ponte Preta é antes de tudo um ato político. Em campo o que a torcida espera é somente “Raça”. Não importa se saia vitoriosa ou derrotada, o importante é que os jogadores demonstrarem “Raça” e amor à camisa que vestem. Isso está na Alma ponte-pretana evidenciada por sua mascote “A Macaca” que hoje a achamos tão fofa, mas que recebeu esse apelido no passado por ser seus torcedores a maioria composta por pessoas pretas. Ainda hoje a Ponte Preta conserva em sua coletividade a maioria de torcedores que são da periferia da cidade, pra lá da ponte, portanto de pessoas da classe trabalhadora e negra.

Está literalmente na “Raça” a paixão, minha e de tanta gente, por esse humilde clube do interior de 124 anos e que nunca obteve um título de expressão nacional. O orgulho de ter seu estádio construído pelas próprias mãos dos seus torcedores, pela história de resistência ao racismo, por ser um clube de origem operária e que teve em seu elenco o primeiro jogador negro do futebol brasileiro, o operário das linhas ferroviárias “Miguel do Carmo”, pelos craques que nasceram no Majestoso...

Mano Brown em uma análise sobre a Macaquinha de Campinas, a terra dos barões, disse que “A luta da Ponte Preta é contra o sistema”. Perfeito, e isso a torna mais cativante ainda pela massa campineira.

Portanto a minha identificação com a Ponte Preta vai além da bola rolando. É como o encontro dos pés do Mestre Dicá com a bola na hora da cobrança da falta. Como uma saída em punho do goleiro Aranha depois de uma bola alçada à área por um adversário.

Desta forma a história de luta e resistência da Ponte Preta se encontra com meu pensamento político humanitário e meu ativismo social na busca de uma sociedade mais justa, solidária, igualitária e humana.

Enfim para terminar essa declaração de amor, peço licença ao meu pai querido que está nos céus e que era grande corintiano ao qual sempre agradeço por ter me ensinado valores como a justiça e a honestidade. Tenho a certeza de que ele não está triste por mim e pelo seu neto não terem escolhido o seu clube de coração para torcer. Na verdade, deve estar muito feliz por termos escolhido para nosso coração um clube com tanta história de amor à humanidade.

Ao meu irmão Zezinho, que também foi grande pessoa, grande ponte-pretano e que também está na eternidade, agradeço por ter plantado em mim a sementinha alvinegra.

Ao meu filho, o agradecimento por ter me encorajado a quebrar paradigmas e me reencontrar como torcedor.

À Ponte Preta, só uma palavra: És fascinação, amor... e a gratidão por não me deixar de amar, apesar de tantas razões para deixa-lo, esse fenômeno maravilhoso chamado Futebol.

 
 
 

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